terça-feira, 5 de julho de 2005

Senhor das noite longas

chegam quentes aquelas noites de verão que sucedem aos longos dias de estio, queimados pelo sol.
são dias que parecem não acabar. são dias que pedem noite. como aqueles em que a dor aperta e a angústia nos seca a boca.
também então ansiamos que venha a noite e o sono nos cale a consciência do sofrimento que nos consome.

porém, chega a noite, mas não traz o sono, e assim nos deixa a dor como companhia, como o calor que irradia das paredes quentes nas noites de verão.
aquele bafo morno dos ventos de leste lembram-nos a torreira dos meios dias a pique, como a tormenta da insónia que não só nos rouba o descanso como nos cansa o pensamento.
e como são compridas essas noites de estio..., como são longas as horas.
mas como "não há mal que sempre dure...", chega-me a frescura da manhã, o peso sobre os olhos de quem se cansou de lutar, noite fora.
no limite do meu cansaço, estás Tu. no limite da minha vontade estás Tu. no limite da minha fidelidade estás Tu. nunca antes, sempre a tempo.

Senhor das noites longas,
Obrigado por tudo o que me dizes e ensinas no silêncio de uma noite de verão.
obrigado por te saber sempre pronto, sempre atento. à minha espera, a contar comigo.
nunca demasiado perto, dando espaço a que se afirme a liberdade. nunca demasiado longe, para que o olhar me alcance o teu perdão.

Amen.

(Rui Corrêa d'Oliveira)

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1 comentário:

Domingueira disse...

Inês, esta letra está muito pequena...