terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Levar a religião para o trabalho?

excerto de uma entrevista a Paulo Teixeira Pinto, presidente do Millenium BCP, ao Público (ed. 6 Fev 2006)

De que modo o facto de ser da Opus Dei se reflecte na gestão do banco?
Em nada.
Como é que consegue compatibilizar as suas preocupações sociais com a presidência de uma instituição cujo único objectivo é ter lucro?
Aquilo que eu sou é um profissional. E o que me dá esta matriz espiritual é o exercício do respeito pela liberdade, mas também o fazer no estrito exercício do melhor profissionalismo. E o que eu tenho que fazer é o melhor possível nas circunstâncias concretas do dia a dia. Como administrador de um banco, tenho que saber gerar valor e defender os interesses dos accionistas. E até podia ser agnóstico, mas as obrigações profissionais são as mesmas.


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10 comentários:

Pipos disse...

ah pois é...!!

João Silveira disse...

nocas, ñ percebo o q há de especial neste excerto..

Francisco X. S. A. d'Aguiar disse...

se isto é ser católico...

João Silveira disse...

Calma, tenho o maior respeito pelo paulo teixeira pinto, e sei q é um grd católico que leva o trabalho como apostolado. Só não vejo é nada de especial nestas palavras...

Senzhugo disse...

provavelmente as perguntas terão sido feitas com ar jocoso.

mas é obvio que, se existe a responsabilidade do estudante cristão (não é pilotandos?) também existe a responsabilidade do trabalhador cristão ou do administrador de bancos cristão.

inésia disse...

pus este excerto para saber qual era a vossa opinião. tb tenho os maiores respeito e admiração pelo paulo teixeira pinto, contudo, n concordo a sua separação da vida profissional da vida espiritual, como afirma. é a 1ª resposta q me intriga. as nossas características não são máscaras que utilizamos conforme o espaço, como se interpretassemos papéis, agr sou a inês equipista, agr sou a inês na faculdade, agr sou a inês filha/irmã, etc. a nossa religião (seja ela qual for) é uma parte de nós que n deve ser deixada em casa ou na igreja, pelo contrário, as nossas convicções religiosas devem transparecer e servir de guia nas nossas acções. À pergunta "De que modo o facto de ser católico se reflecte no seu trabalho/faculdade" a nossa resposta deveria ser "reflecte-se em tudo, o que eu sou é um católico e isso orienta toda a mh conduta". n estou a dizer q eu sou o exemplo, estou apenas a sublinhar aquilo que acho q deveria ser; é um caminho, n uma meta alcançada.

inésia disse...

isabel, aceito a tua argumentação. mas o q me intrigou msm foi a resposta à 1ª pergunta, "Em nada". cm é q pertencer à opus dei ou a qq outra organização católica pode não afectar o nosso trabalho?

João Silveira disse...

Isabel, claro que o objectivo final tem de ser o mesmo, seja ele da Opus Dei, das Equipas de Casais, do PCP ou da grande loja maçónica, e o objectivo é criar riqueza para os accionistas. As empresas, e mt principalmente os bancos, têm de ter lucro p crescerem e até para sobreviverem.
Mas o que o vai diferenciar são os meios para conseguir o objectivo.
Se for gestor completamente sem moral e sem escrúpulos vai fazer tudo ao seu alcance para conseguir maximizar o lucro, nem que tenha de despedir pessoas para o conseguir.
Aqui estamos a falar de um homem com preocupações sociais, que se preocupa com a caridade para com o próximo, pq nele está o rosto de Cristo, e por isso nos meios escolhidos terá certamente mais cuidado que um agnóstico, cujo único chefe são os accionistas.
O paulo teixeira pinto, além do accionistas, tem também por chefe Nosso Senhor Jesus Cristo, e isso aumenta em mto as obrigações profissionais.
Penso que ele aqui foi cauteloso demais a falar, talvez para os seus accionistas não terem medo que seja demasiado brando, por ser católico.

João Silveira disse...

Claro que esse tipo de gestão é ruinosa. Há mtas pessoas na função pública que pura e simplesmente não fazem nada, e outros ocupam cargos superiores sem mérito. E ter preocupações sociais não implica pactuar com preguiça, nem com incompetência.
Mas do outro lado há o objectivo do lucro como fim, independentemente dos meios a serem usados, e tens pessoas incrivelmente mal-pagas para dar mais 1 cent por acção aos accionistas. E nós podemos dizer: "É a lei do mercado. Se estão a ser mal-pagas vão para outro lado receber mais". Percebo que essa seja a lógica de alguém sem valores, mas um gestor católico tem por obrigação pagar aos empregados o que eles merecem receber, e não o mínimo que conseguir. E além disso deve ser bastante criterioso e cauteloso ao proceder a despedimentos.
O Papa João Paulo II, em 1999, no México, fez um discurso bastante duro contra os excessos do capitalismo, e disse que o neoliberalismo é um pecado social: "Ele rompe a harmonia entre as comunidades de uma nação e de um continente inteiro e baseia-se numa concepção economicista do ser humano, valorizando o lucro e as leis do mercado em detrimento da dignidade da pessoa."

João Silveira disse...

É verdade que a ética na gestão é uma prática de boa gestão, e até por isso é ensinada no curso.
E na teoria um empregado satisfeito produz mais, e isso é uma realidade em algumas áreas de negócio.
Mas em muitas isso não acontece, por isso é q há empregados do macdonald´s a receberem uma miséria. Podem não estar satisfeitos, mas provavelmente não têm outra hipótese de emprego.
E depois há a Nike a empregar crianças nos países menos desenvolvidos, que têm de trabalhar 16 ou mais horas por dia e recebem quase 0.
Estas duas empresas não param de apresentar bons resultados, e de surpreender os accionistas. E como estas, há muitos mais exemplos de exploração com efeitos positivos.
A moral e o comportamento ético não são exclusivo dos católicos, mas estes têm uma maior obrigação de seguir esse caminho. Na gestão ou em qualquer outra actividade, os católicos têm uma maior responsabilidade, pq têm a graça de conhecer a Verdade.