quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

5 remédios de S. Tomás de Aquino contra a tristeza

O primeiro remédio é conceder um prazer a si mesmo

É como se o famoso teólogo tivesse intuído, há sete séculos atrás, a ideia, tão difundida hoje, de que o chocolate é antidepressivo. Talvez pareça uma ideia materialista, mas é evidente que uma jornada cheia de amarguras pode terminar bem com uma boa cerveja.

Que algo assim seja contrário ao Evangelho é dificilmente demonstrável: sabemos que o Senhor participava com gosto em banquetes e festas, e tanto antes como depois da Ressurreição desfrutou com gosto das coisas belas da vida. 

Inclusive, um Salmo afirma que o vinho alegra o coração do home (apesar de que é preciso esclarecer que a Bíblia condena claramente as bebedeiras). 

O segundo remédio é o pranto

Muitas vezes, um momento de melancolia é mais duro se não se consegue encontrar uma via de escape, e parece como se a amargura se acumulasse até impedir de levar a cabo a menor tarefa. O pranto é uma linguagem, um modo de expressar e desfazer o nó de uma dor que às vezes nos pode asfixiar. Também Jesus chorou.

O Papa Francisco disse que “certas realidades da vida se vêem somente com olhos que tenham sido limpos pelas lágrimas. Convido a cada um de vocês a perguntar-se: eu aprendi a chorar?” 

O terceiro remédio é a compaixão dos amigos 

Vem à cabeça o personagem do amigo de Renzo, no famoso livro “Os Noivos“, que numa grande casa desabitada, por causa da peste, vai enumerando as grandes desgraças que sacudiram a sua família. 

“São feitos horríveis, que eu jamais creria que chegaria a ver; coisas que tiram a alegria para toda a vida; mas falá-las entre amigos é um alívio.“ 

É algo que é preciso experimentar para perceber. Quando alguém se sente triste tende a ver tudo cinzento. Nessas ocasiões é muito eficaz abrir a alma com algum amigo. Às vezes, basta uma mensagem ou uma breve chamada telefónica e o horizonte ilumina-se de novo. 

O quarto remédio contra a tristeza é a contemplação da verdade

É o fulgor veritatis de que fala Santo Agostinho. Contemplar o esplendor das coisas, na natureza ou uma obra de arte, escutar música, surpreender-se com a beleza de uma paisagem… pode ser um eficaz bálsamo contra a tristeza.

Um crítico literário, poucos dias depois do falecimento de um querido amigo, tinha que falar sobre o tema da aventura nas obras de Tolkien. Começou assim: “Falar de coisas belas diante de pessoas interessadas é para mim um verdadeiro consolo…” 

O quinto remédio é dormir e tomar um banho

O quinto remédio proposto por S. Tomás é o que talvez menos se poderia esperar de um mestre medieval. O teólogo afirma que um remédio fantástico contra a tristeza é dormir e tomar um banho. A eficácia do conselho é evidente. É profundamente cristão compreender que para remediar um mal espiritual às vezes é necessário um alívio corporal. Desde que Deus se fez Homem, e portanto assumiu um corpo, o mundo material superou a separação entre matéria e espírito.

Um preconceito muito difundido é que a visão cristã do homem se baseia na oposição entre alma e corpo, e este último seria sempre visto como uma carga ou obstáculo para a vida espiritual. Na verdade, o humanismo cristão considera que a pessoa (alma e corpo) acaba completamente espiritualizada quando procura a união com Deus. 

Usando palavras de S. Paulo, existe um corpo animal e um corpo espiritual, e nós não morreremos, mas seremos transformados, porque é necessário que esse corpo corruptível se vista de incorruptibilidade, que este corpo mortal se vista de imortalidade. 

“Ninguém considere estranho tomar um médico do corpo como guia para uma enfermidade espiritual“, afirma S. Tomás Moro, reafirmando o pensamento do seu homónimo medieval. 

“O corpo e a alma estão tão estreitamente unidos que juntos formam uma só pessoa, e assim o mal-estar de um dos dois gera, por vezes, o mal-estar de ambos. Portanto, aconselharia a todos que, diante de qualquer enfermidade do corpo, se confessem, e procurem um bom médico espiritual para a saúde da alma; da mesma forma, aconselho que para algumas enfermidades da alma, além do médico espiritual, se procure o conselho do médico do corpo”. 

Com a ajuda destes cinco remédios, poderá realizar-se a promessa de Jesus: “Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria!” (Jo 16, 20) 

adaptado de zcla.wordpress.com


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